quarta-feira, 31 de março de 2010

Aperfeiçoamento X Aumento

Questionado se não seria possível distribuir entre toda a rede a verba que vai aumentar o salário de 44.569 docentes em 25%, Paulo Renato disse que a intenção é "melhorar a qualidade do ensino".

"Há estudos internacionais que mostram que a melhoria na qualidade da educação está relacionada não a aumentos salariais pura e simplesmente, mas a estímulos ao aperfeiçoamento do professor. Estou olhando o resultado dos alunos, temos que mudar isso."

Valorização por mérito
Dos 64.397 professores que foram aprovados e estavam aptos a receber o aumento de 25% no salário, somente 44.569 docentes -- 20% da rede -- serão beneficados pelo programa. Ao todo, se inscreveram para a avaliação 135.841 profissionais e fizeram a prova 96.042.

O pagamento ocorre em maio e será retroativo à janeiro. Quem foi aprovado poderá concorrer a nova mudança de faixa somente daqui a três anos.

Os 19.828 docentes que tiveram pontuação para conseguir o benefício mas não foram contemplados poderão utilizar o resultado no próximo concurso de promoção, que ocorrerá em julho de 2011. Dentre as notas de 2010 e 2011, será considerado a maior.

Veja as notas de corte de cada uma das categorias:

PEB I: 6,75;
PEB II: 6,75;
Supervisor de ensino: 8,65;
Diretor de escola: 8,25.

terça-feira, 30 de março de 2010

Governo lança Programa de Especialização a educadores

cursos a distância para 30 mil profissionais do ensino público de São Paulo
até 2012, em parceria com as universidades estaduais paulistas

Nesta segunda-feira (29/03), no Palácio dos Bandeirantes, a Secretaria de Estado da Educação lança a Redefor (Rede São Paulo de Formação Docente) em parceria com as universidades estaduais paulistas - USP, Unicamp e Unesp.

O programa, executado por meio da Escola Paulista de Formação Docente, oferecerá cursos de especialização a distância para 30.000 profissionais da rede pública do Estado ao longo de 2010, 2011 e 2012. A iniciativa tem como objetivo melhorar a capacitação de professores, diretores e supervisores do Ensino Fundamental ciclo 2 (de 5ª à 8ª série) e do Ensino Médio. Serão ofertados 16 cursos, com duração de 360 horas (entre 12 e 14 meses). Serão cursos de especialização em docência para professores das 13 disciplinas do currículo e de Especialização em Gestão da Escola, para diretores; em Gestão do Currículo, para professores-coordenadores; e de Gestão da Rede Pública, para supervisores de ensino. Os cursos terão como referência o currículo e os materiais de apoio à sua implantação, definidos pela Secretaria da Educação.

Os cursos serão oferecidos em duas etapas. A primeira (2010-2011) terá início no segundo semestre deste ano e capacitará 10.000 educadores. Na segunda etapa (2011-2012), 20.000 profissionais serão contemplados. Os convênios terão vigência até 31 de dezembro de 2012. Em três anos, o programa terá um investimento total de R$ 109 milhões, sendo R$ 32 milhões previstos somente para este ano.

“A Redefor é um importante passo para a solidificação da política educacional adotada pelo Governo do Estado, que tem como principal eixo a melhoria da qualidade da educação da rede pública. Em conjunto com a criação do curso para ingressantes e a etapa do concurso público de ingresso nas carreiras de professor, os cursos de especialização para educadores que já atuam na rede estadual, deverão contribuir para a formação dos profissionais e das equipes escolares nos marcos do currículo do Estado”, afirma o secretário Paulo Renato Souza.

Como estratégia para a melhoria dos resultados de aprendizagem dos alunos, os cursos oferecidos pelo programa deverão propiciar aos profissionais da educação, essencialmente:

- A constituição de conhecimentos e competências pedagógicas e didáticas para domínio do currículo do Estado de São Paulo;

- A apropriação de uma cultura de desenvolvimento profissional como um processo coletivo, envolvendo a equipe escolar, com foco na sala de aula e na organização da escola e não apenas em uma disciplina específica do currículo ou em uma função exclusiva na organização da escola;

- A constituição das competências necessárias para o trabalho de grupo produtivo, tais como interagir, expressar e ouvir pontos de vista, compartilhar idéias e buscar entendimento.

A Unicamp oferecerá cursos de especialização para docentes em língua portuguesa, matemática, física, história e educação física, num total de 4.050 vagas entre 2010 e 2011 e 8.000 vagas entre 2011 e 2012.

A USP ministrará cursos para docentes em ciências, biologia, sociologia, além de especializações em gestão da escola para diretores, em gestão do currículo para professores-coordenadores e em gestão da rede pública para supervisores de ensino. A universidade oferecerá 4.060 vagas na etapa 2010-2011 e outras 8.140 vagas na fase 2011-2012.

Já a Unesp disponibilizará cursos de especialização para docentes em língua inglesa, filosofia, arte, química e geografia, sendo 1.800 vagas entre este e o próximo ano e mais 3.950 vagas entre 2011 e 2012.

Abaixo, o quadro com o número de vagas consolidadas por universidade:

Universidade
Vagas

2010-2011
2011-2012
Total

UNICAMP
4.050
8.000
12.050

USP
4.060
8.140
12.200

UNESP
1.800
3.950
5.750

TOTAL
9.910
20.090
30.000




Os critérios para inscrições serão divulgados a partir de maio por meio de resolução do Diário Oficial do Estado.

O programa Redefor representa uma parceria inédita entre a Secretaria e as três universidades estaduais paulistas em prol da melhoria da qualidade do ensino básico público no Estado.

Para Fernando Costa e Herman Voorwald, respectivamente reitores da Unicamp e da Unesp, a participação das universidades estaduais paulistas no programa atesta o compromisso educacional e social das instituições.

“A participação da Unicamp neste convênio com a Secretaria de Estado da Educação demonstra o compromisso da universidade com a educação e formação de pessoas e, neste caso em particular, com a qualificação dos professores dos ensinos Fundamental II e Médio da rede pública paulista. É natural que uma universidade com experiência em ministrar cursos de graduação e pós-graduação de reconhecida qualidade se envolva em um projeto como este, como o desafio de transmitir essa mesma qualidade por meio do ensino a distância a um grande número de alunos de especialização”, pontua o reitor da Unicamp, professor Fernando Costa.

“Ao participar do projeto Redefor, a Unesp cumpre seu papel social ao contribuir para a melhoria dos ensinos Fundamental e Médio, por meio de cursos de especialização como esses, direcionado a professores da rede estadual”, afirma o reitor da Unesp, Herman Voorwald.

POLÍTICA EDUCACIONAL EFICAZ

A política educacional de São Paulo se estrutura em quatro eixos. O primeiro se refere aos padrões curriculares adotados para a rede de cinco mil escolas. Dois programas se destacam: o Ler e Escrever, que estabeleceu a figura do professor auxiliar nas salas de aula nas classes iniciais e todo um sistema para reforçar a alfabetização das crianças, com 1,8 milhão de livros distribuídos, entre outros materiais; e o São Paulo Faz Escola, com a definição de um novo currículo e a distribuição 192 milhões de cadernos e materiais para alunos e professores com os conteúdos das diversas matérias, além de programas de capacitação.

O segundo eixo é a implantação de avaliações e metas de qualidade, com a criação do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) e a definição de metas para cada escola, que passou a ter o desafio de melhorar em relação à sua própria realidade.

O terceiro eixo da política educacional de São Paulo trata do programa de incentivos aos professores. Foi criado o Bônus por Resultados, que paga até 2,9 salários às equipes escolares que superam as metas definidas para as suas escolas. É um programa expressivo de premiação por resultados que mobilizou os docentes para melhorarem o desempenho de seus alunos.

O quarto eixo reformou a carreira dos professores, estabelecendo nova forma de ingresso (com curso obrigatório oferecido pela Escola Paulista de Formação de Professores) e o Programa de Valorização pelo Mérito. Foram criadas provas de promoção que permitem anualmente, a um quinto dos professores, promoção salarial de 25% de acordo com a permanência na escola e o resultado das avaliações.

Outras ações pioneiras foram adotadas, como a mudança na legislação para reduzir as faltas de professores e a criação da Prova dos Temporários, que permitiu pela primeira vez selecionar para as salas de aula os melhores professores disponíveis. Também foi aberto concurso para a contratação de 10.000 professores.

“São políticas muito consistentes e muito corajosas que já começam a dar resultado e, tenho certeza, colocaram a educação paulista no rumo certo”, aponta o secretário Paulo Renato.

SOBRE O PROGRAMA MAIS QUALIDADE

Lançado em maio de 2009 pelo Governo do Estado, o Programa + Qualidade na Escola criou, em sua primeira fase, a Escola de Formação de Professores de São Paulo, que mudou a forma de ingresso dos profissionais do magistério (instituindo o curso de formação como última etapa do processo seletivo), além de ter implementado duas novas jornadas de trabalho (de 12 e 40 horas semanais), aberto 80 mil novos cargos efetivos no magistério e regulamentado a situação dos professores temporários, instituindo o exame como requisito para sua atuação nas salas de aulas.

Na segunda fase da ação, foi criado o Programa Valorização pelo Mérito, que reconhece o esforço e a dedicação dos profissionais de toda a rede. O Valorização pelo Mérito permite aos docentes quadruplicar o salário inicial da carreira desde que cumpram as regras de promoção, tenham notas mínimas em avaliações e consigam classificação entre os 20% melhores dentro do quadro total do magistério no Estado. A remuneração inicial para a jornada de 40 horas semanais, que hoje é de R$ 1.834,85, pode chegar a R$ 6.270,78 ao longo da carreira, um aumento de 242%.

O Programa Valorização pelo Mérito dá sequência à ampla política desenvolvida pelo Governo do Estado para melhorar a qualidade da educação, com medidas como o Programa Ler e Escrever (voltado à aceleração da alfabetização de crianças de 1ª à 4ª série), o São Paulo Faz Escola (com novo currículo e materiais específicos para alunos e professores) e diversas modalidades de recuperação de aprendizagem para alunos com dificuldades, entre outras ações.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O limite de até 20% de cada classe, serão promovidos os aprovados e melhores classificados na seguinte conformidade

O Diretor do Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Educação, em conformidade com o disposto na Lei Complementar nº 1097, de 27 de outubro de 2009, regulamentada pelo Decreto nº 55.217, de 21 de dezembro de 2009, e de acordo com o Edital publicado no D.O. de 23 de dezembro de 2009, comunica que a partir das 12 horas do dia 29/03/2010, ficará disponível para consulta, no site da Educação – www.educação.sp.gov.br e da Fundação Cesgranrio – www.cesgranrio.org.br, as notas de cada uma das provas, a média final e a classificação dos candidatos declarados aptos para concorrer ao 1º Processo de Promoção dos integrantes do Quadro do Magistério.
Comunica, ainda, que de acordo com o § 4º do artigo 4º da LC 1097/2009, que estabelece o limite de até 20% de cada classe, serão promovidos os aprovados e melhores classificados na seguinte conformidade:

- Supervisor de Ensino: 268 (duzentos e sessenta e oito);
- Diretor de Escola: 893 (oitocentos e noventa e três);
- Coordenador Pedagógico: 1 (um);
- Assistente de Diretor de Escola: 5 (cinco);
- Professor Educação Básica I: 11.007 (onze mil e sete);
- Professor Educação Básica II: 32.390 (trinta e dois mil, trezentos e noventa), e
- Professor II: 21(vinte e um).

Os classificados (nota igual ou superior a 6 (seis) que não forem promovidos neste 1º processo em razão do limite de 20% e que forem considerados aptos nos próximos processos de promoção poderão concorrer com a pontuação obtida neste processo ou realizar novas avaliações para considerar a maior das pontuações obtidas.

sábado, 27 de março de 2010

CARO AMIGO,

CARO AMIGO,

DEPOIS DE VERIFICAR VARIAS ESCOLAS QUE CONHEÇO,NOTEI QUE AS ELAS FICARAM SEM O "PRÊMIO" ESTE ANO, COINCIDÊNCIA,
TODAS RECEBERAM NO ANO PASSADO.CONCLUSÃO, O GOVERNO ESTA FORJANDO NÚMEROS E DEIXANDO DE PAGAR O MALTIDO BONUS PARA 1/4 DAS ESCOLAS.

Não cabe falta injustificada na greve dos professores do Estado de São Paulo

Colega, veja o que o Supremo Tribunal Federal já decidiu, com base na nossa Constituição:

"A simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é justificativa para demissão com fundamento na sua participação em movimento grevista por período superior a trinta dias. A ausência de regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralisação em movimento grevista em faltas injustificadas".

(RE / 226966 - Recurso Extraordinário)

Por isso, colega, ninguém poderá ficar com falta injustificada, em função da greve !

sexta-feira, 26 de março de 2010

A Greve dos Professores: A truculência policial, o circo do bônus e o autismo sindical

Wellington Fontes Menezes


1. A face fascistóide de Serra


Segundo a Folha Online, em meio à greve da categoria, cerca de 30 professores protestaram contra o governador José Serra (PSDB), no ato de inauguração do Centro de Atenção à Saúde Mental, em Franco da Rocha (SP) na quarta-feira, 24/03 . Dados da APEOESP, quatro professores da rede foram presos pela Polícia Militar. Na delicada truculência de sempre, a polícia usou cassetetes e gás de pimenta para dispersar a mobilização destes professores.


Ainda nesta quarta-feira, 24/03, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP) descartou qualquer disposição para o diálogo com a APEOESP. Desta maneira, fica mais uma vez evidente que somente uma radicalização do movimento para que possa trazer um mínimo de sensibilidade ao governo Serra. Como são usuais em governos neoliberais, mais uma vez, reproduziram em Franco da Rocha as práticas tucanas no poder que é destilar a truculência e zombaria contra os movimentos reivindicatórios dos trabalhadores.




2. Circo do Bônus: Maquiagem e Vassalagem


Em meio à greve dos professores da rede pública estadual, Serra faz propaganda para toda a sociedade prometendo liberar o dinheiro do “bônus do professor” e alardeado para esta quinta-feira, 25 de março. Fundamentalmente, bônus não é salário, mas somente se constitui na mais abjeta submissão e vassalagem do funcionário público. No atual momento, a famigerada política de bônus do governo Serra para os professores atende a uma serviçal construção de um subliminar aliciamento político e assim diluir a mobilização grevista da classe docente. Do ponto de vista do exotismo da “carreira” docente do Estado de São Paulo e da dignidade humana, como se tivesse fazendo uma alusão ao falo masculino, é tão triste e patética uma “disputa” na sala dos professores para ver “quem tem o bônus maior”!


Ressalta-se que até agora não se tem conhecimento com clareza os cálculos que geram a tal bonificação. Ao contrário que é propagandeado na mídia, vale lembrar que o professor da escola pública no Estado de maior pujança econômica do país não existe uma “carreira” de fato, mas um amontoado de pseudo-políticas aleatórias que ninguém (e nem mesmo da própria SEE-SP) sabe explicar com exatidão. Logo, após anos de demolição do ensino público por parte das políticas neoliberais do PSDB, ingressar no magistério público estadual hoje em São Paulo é uma medida de desespero econômico ou cumprir um bolorento sacerdócio!


Para compreender os efeitos nocivos de uma política de bonificação é importante refletir a ação corrosiva que age dentro da classe docente. A partir dos critérios da SEE-SP e após anos de arrocho salarial, criam-se duas classes através da política de bonificação: os que recebem o bônus e os que não têm direito a nada. Dentre os que recebem a dádiva do bônus, criam-se múltiplas subclasses de faixas de valores cujo teto máximo, fica para os Supervisores de Ensino e Dirigentes Regionais que pouco ou nada fazem para melhorar a qualidade do ensino (além de perseguirem muitos professores contrários à política débil da SEE-SP).

Os professores das escolas que não atingiram aos supostos critérios do IDESP (cujo pomposo título é Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) não tem o direito de receber o bônus. Ademais, nunca é tarde para lembrar: as escolas que não atingiram o tal índice do IDESP precisarão aprender com as escolas que fizeram a lição de casa “direitinho”. Em claro e bom tom: é necessário “maquilar” oficialmente os números de suas unidades escolares uma vez que é impossível atingir tais "metas" diante do fosso educacional que se encontra a quase totalidade das escolas públicas do Estado de São Paulo! Os índices de IDESP e similares são meros conjuntos ficcionais destinados a única e exclusiva propaganda política. Sim, a sórdida, inescrupulosa e cretina propaganda política à custa de gerações de alunos e professores. Ainda, para finalizar as querelas da bonificação, professores que tiveram faltas durante o ano (seja lá quais forem os motivos) não participarão da "bolada". Por exemplo, se o professor ficou doente e precisou ter faltas médicas ou afastamento médico, não participará do circo do bônus. Infelizmente, mais lamentável do que esta política neoliberal é a adesão sem reflexão de uma parte da categoria docente que ainda aceita passivamente assistir sua profissão liquefazer em vão.


A política de bônus é mais um destes entulhos neoliberais criados para desarticular movimentos de trabalhadores e esfacelar qualquer sociedade que possa primar pela igualdade e justiça social. A perversidade dos modelos adotados de políticas públicas que seguem a “cartilha neoliberal” é muito mais do que um mero debate ideológico, mas é um mecanismo de desarticulação social. Logo, pela desnorteada bússola neoliberal, o importante é criar um conjunto de regras completamente estúpidas e estapafúrdias para dar o verniz do “profissionalismo” e “competência” dignos das pérolas demagógicas que os tucanos adoram verbalizar em períodos eleitorais (e infelizmente, algumas correntes que se dizem “à esquerda” embarcaram neste discurso estéril). Nesta política de bonificação, a meritocracia de resultados é como se a profissão docente fosse um alegórico prostíbulo onde se premiam as melhores e mais dedicados “funcionários” da casa! Admira-se a demora que os sucessivos governos do PSDB não fez a honraria ao polêmico Sr. Oscar Maroni, dono da controversa “casa de lazer adulto”, a Bahamas Night Club, para ocupar a cadeira de secretário de Educação do Estado. Não há dúvidas que Maroni daria um toque mais elegantemente “profissional” à política educacional dos tucanos em São Paulo.




3. Recuo nas reivindicações e o autismo sindical


Nesta quarta, 24/03, em nova tentativa de dialogar com o governo Serra, uma nota a lamentar é o recuo desnecessário que a APEOESP fez no rol das reivindicações da categoria. De um conjunto de oito pontos básicos inicialmente defendidos em assembléia, ficaram de fora da lista, o fim da prova para selecionar temporários e o limite de faltas médicas. Com o governo Serra imóvel e intransigente quanto ao diálogo com a categoria, o impasse tenderá a fortalecer. Todavia é salutar perguntar aos articuladores da direção do movimento (entre eles a APEOESP) como é possível retirar conjunto da pauta de reivindicações sem ainda ocorrer de fato um único momento de negociação por parte do governo Serra. Um aplauso à “intelligentsia” sindical!


Neste momento, recuar é retroceder. Cortar uma ou mais reivindicações sem ao menos sentar-se à mesa de negociações é uma atitude que demonstra muito mais um momento de fraqueza do que uma suposta “habilidade” de negociação. É sempre bom lembrar que as estruturas burocratizadas dos sindicatos há tempos entraram em metástase com direito às ramificações de tecido necrosado. O modelo de feudalização sindical envelheceu e com isto entrou para o asilo suas práticas, idéias e articulações. É fundamental o surgimento de um novo modelo de sindicalismo, mais próximo do professor (a chamada “base”) e mais coeso na construção de alternativas para criar identidade e lutar num mundo capitaneado pela sociedade de hiperconsumo e ideologia neoliberal.


A disputa de idéias dentro de qualquer movimento social é tão salutar quanto necessário. Todavia não se pode chegar ao limite da autofagia. É importante ressaltar que o momento deverá primar sobretudo pelo senso maior de união dentre as diversas correntes que atua dentro da APEOESP. Na “sopa de letras e siglas” que compõe um caldo de tendências (e quase sempre com práticas fratricidas) é fundamental deixar de lado os egos supostamente ideológicos em troca de atitudes mais inteligíveis e salutares para uma causa maior que a luta por melhores condições de trabalho e dignidade do associado, ou seja, o professor.


Para os que adoram atear gasolina na fogueira, uma suposta derrota do movimento será mais uma derrota de todos os professores. Portanto, nada sobrará para grupos oportunistas de plantão roer as vísceras do moribundo professorado. O “inimigo” a ser vencido são as nefastas políticas públicas neoliberais e não os próprios companheiros de sindicato. É necessário maturidade e olhar crítico para um novo tempo de incertezas e adversidade poucos “visíveis”. Um tempo que não perdoará aqueles modelos presos à práticas ultrapassadas e inócuas dentro do movimento sindical. A unidade sindical é a artéria que transita a fluidez necessária ao movimento. Excessos de egos e proselitismos de liturgias ideológicas somente criam o que já é bem conhecido e mapeado: o autismo sindical.


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Wellington Fontes Menezes é bacharel e licenciado em Física (USP) e Professor da rede pública de ensino do Estado de São Paulo.

domingo, 21 de março de 2010

Em educação, infelizmente, Serra não tem Juizo

Quando José Serra anunciou que havia criado um projeto de lei para melhorar o salário do professorado, e que isso se faria por mérito avaliado a partir de provas intelectuais individuais, eu aplaudi o governador. Isso fazia eco a um artigo meu no jornal O Estado de S. Paulo, antes mesmo da eleição que trouxe Serra para ser o governador dos paulistas.

Até então, ou seja, até esse Projeto de Lei Complementar (PLC) à Carreira do Magistério só havia dois modos de um professor da escola pública básica obter algum ganho financeiro na sua carreira: deixar a sala de aula e optar por uma carreira burocrática, na direção de escola ou em cargos ligados diretamente à secretaria da educação, ou pela forma de bônus, dado não para ele, mas para sua escola. Essas duas maneiras eram e são precárias. Foram elas, aliás, que trouxeram o magistério público para o caos em que se encontra. Este caos é fruto do desprestígio salarial que, por sua vez, provoca a convocação da mão de obra mais despreparada para o ofício, criando assim uma situação horrível em que a pobreza intelectual alimenta a pobreza material em um círculo nada virtuoso. Sendo assim, vi com bons olhos o projeto do governador José Serra: ao final de um período, após sucessivas provas, o professor da escola básica poderia chegar a ganhar o equivalente a um doutor iniciante no magistério superior.

Mas, talvez valha para os nossos governantes a maldita frase “não se pode elogiar”. Sim, pois entre a data de anúncio do PLC pelo governador até o dia da votação de tal dispositivo na Assembléia Legislativa, o que havia sido acordado entre a Secretaria da Educação e o sindicato dos professores, a APEOESP, é que a idéia geral do PLC precisaria ser vista à luz de mais discussão. Os dois lados pareciam concordar que os detalhes técnicos, associados a outras reivindicações, precisariam ser observados em função da melhoria do texto. Todavia, o governador traiu a confiança dos professores. Jogou o PLC para ser votado a toque de caixa e, mais que isso, proibiu aos professores de estarem presentes na própria Assembléia Legislativa, na hora da votação. Nada de democracia, decretou José Serra – e assim se fez: o projeto, sem discussão, e com emendas “para lá e para cá”, muitas vezes descabidas, foi votado e a Assembléia, por alguns votos, fez passar a vontade de Serra e do secretário da Educação Paulo Renato. Fiquei decepcionado com a atitude de Serra e de seu secretário da Educação. Não só pela truculência com que trataram os professores, mas pelo fato de que o projeto, do modo como foi aprovado, ficou muito ruim.

Na prática, o que era uma boa idéia, se transformou no maior castigo que a educação paulista poderia sofrer. Nesse sentido, mesmo a contragosto, tenho de dar a mão à palmatória ao sindicato paulista dos professores. O que aponta o sindicato tem sua verdade. Vejamos.

O que o sindicato diz é que, na prática, há distorções salariais que estão acumuladas, e que seria necessário zerar tais distorções para, então, começar uma nova conversa. O sindicato informa – corretamente – que há uma perda no poder de compra do professor de mais de 27%, acumulada a partir de 1998, quando passou a vigorar a Lei 836/97, referente ao Plano de Carreira do magistério paulista. Mas, o mais agravante é que o texto do PLC 29/2009 que foi aprovado – e mais uma vez o sindicato tem razão – conduz 80% do professorado paulista a ficar sem a promoção salarial anunciada, independente ou não de provas feitas. Pois, do modo como está, o texto limita por faixa da carreira os ganhos. Assim, só 20% dos professores, em cada faixa, poderá ter o reajuste anunciado, ao fim e ao cabo, de 25% em cima do salário base. E isso pode variar, chegando mesmo, em certas faixas, a ir para menos de 18%. E essa porcentagem é contada sem que se considere a perda acumulada desde 1998. E mais ainda: todo esse processo de promoção é muito longo, é de 13 anos.

Além disso, o sistema criado pelo PLC é punitivo. Pois só podem participar os professores que não mudarem de escola e os professores que não faltarem. Ora, nas condições atuais de trabalho, não adoecer e, então, não faltar, é algo praticamente impossível. Permanecer em uma só escola durante vários anos não é algo que pode cair nas costas do professor, pois depende do governo abrir concursos, o que o governo não tem feito e nada garante que fará. Se já não bastasse tudo isso, há ainda uma dúvida, que põe todo o projeto em cheque: todo reajuste continua atrelado a um aval do governador que dirá se há ou não dinheiro previsto para pagar o reajuste.

Mesmo que não houvesse essa última cláusula, a regra não seria a promoção dos mais capazes intelectualmente, mas apenas a diferenciação salarial de uma minoria que, após muito sofrimento, contribuiria para o fim da isonomia salarial – prevista na Constituição Federal. Ou seja, do modo como está, o PLC produzirá, na prática, uma única coisa: a desarticulação sindical da categoria. Acontecerá mais ou menos o que já correu no sistema universitário, onde os professores de início de carreira são muito mal pagos em relação aos que já estão no final. A distância entre um e outro, neste caso, não ajudará a educação, apenas fragmentará o corpo docente em suas reivindicações.

Nessas condições, o que Serra realmente propôs para o magistério, para tirar nossa educação da situação de estar ligada a uma hora-aula de 7 reais, é um projeto zero à esquerda. No limite, após 15 anos de vigência de um sistema assim, não se terá ganhado nada, só se terá perdido. Não vejo como o PLC fará do magistério uma profissão atraente, como tenta nos convencer o secretário da Educação Paulo Renato.

Escrevo isso sabendo que, a essa altura, quando os ânimos pela sucessão de Lula já estão sendo acirrados, este meu artigo irá ser interpretado pelos tucanos como campanha pró-Dilma. Todavia, o leitor que me conhece sabe que passei todos esses anos, de 2005 para cá, com críticas severas ao PT e ao Lula. Além disso, não concordo nem um pouco com a visão errônea do sindicato de que “educação não pode ser tratada sob o regime de produtividade”. Ora, sob um regime correto de produtividade, o que nunca foi feito, pode sim – deve ser tratado assim. E isso não é ser liberal, é apenas não ser tolo. A produtividade em nossa sociedade, quando mensurada corretamente e assentada ao lado de boas condições de trabalho, pode fazer milagre.

Tenho a tranqüilidade de poder, assim, analisar o PLC 29/2009 sob o ponto de vista que o fiz, e o considero um erro crasso. Não entendo a razão de José Serra querer ser Presidente do Brasil com esse tipo de idéia em educação. Não se trata, aqui, de ser de direita ou de esquerda. O projeto saiu de um modo que não agrada ninguém. No contexto social e econômico em que vivemos o PLC não vai melhorar a vida de ninguém, não vai trazer nenhum benefício a nenhum setor social. É um projeto bobo, não é um projeto sob o qual existe interesse político classista. Seria muito tolo ver esse projeto ligado a velhas disputas entre “privatistas“ e “não privatistas” etc. Do modo como ele está, a educação pública perde e nenhum setor social ganha. Não se trata de projeto “neoliberal” ou “produtivista”, como irão dizer alguns petistas, sempre ideologizando demais as coisas. Não, nada disso, o PLC só foi defendido na Assembléia, pelo PSDB, por razões de articulações partidárias para ocupação de espaço na briga mesquinha da política de curral. Não é um projeto que um candidato à Presidência da República que queira parecer honesto e modernizador possa apresentar com orgulho. Sendo assim, para falar desse projeto, Serra irá ter de mentir na TV.

Vamos nos preparar, pois a agenda do governador está cheia. Ele irá de TV em TV, e irá mentir e mentir sobre esse assunto. E teremos de ver alguns intelectuais, nessa hora, abaixar a cabeça e fingir que não estão ouvindo, pois eles já terão lido este meu artigo e, eu sei, terão concordado comigo, mas não admitirão, pois estarão ligados às promessas de emprego do PSDB. Triste isso, não? Faz a gente realmente balançar em nossa esperança.

Artigo do
© Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo.

São Paulo, 1 de novembro de 2009

quarta-feira, 3 de março de 2010

Secretaria define conteúdo do curso especial de matemática para professores

A grade foi estruturada a partir do levantamento das principais
dificuldades apontadas pelos professores na pesquisa de 2009,
assim como nos resultados observados no Saresp 2009, na prova
dos temporários e no exame de promoção



A Secretaria de Estado da Educação já definiu o conteúdo para o curso de matemática que será oferecido aos 35 mil professores que lecionam a disciplina na rede. O curso, que terá carga horária de 240 horas, abrangerá trigonometria, geometria, fração, função, números complexos, equações de 3º e 4º graus, probabilidade e análise combinatória. A bibliografia será a mesma utilizada nos exames realizados pela Secretaria (concurso para efetivos, prova dos temporários e exame para promoção). A grade do curso foi estruturada a partir do levantamento das principais dificuldades apontadas pelos professores na pesquisa de 2009, assim como nos resultados observados no Saresp 2009, na prova dos temporários e no exame de promoção.

"Esse curso representará um grande avanço na qualidade do ensino. Servirá, inclusive, como preparação para os docentes que não conseguiram aprovação no exame dos temporários e terão que fazer a avaliação novamente no final do ano", disse o Secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza.

No dia 17 de março, uma equipe da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria, composta por especialistas da USP e UNICAMP, promoverá a primeira etapa do curso para professores coordenadores das oficinas pedagógicas das diretorias de ensino, que atuarão como mediadores, sendo responsáveis por retransmitir o conteúdo aos professores de matemática do Ciclo II do Ensino Fundamental e Ensino Médio. O curso para os professores mediadores será composto por quatro encontros presenciais de 64 horas, 16 horas de videoconferências, 64 horas de estudos estruturados com apoio web, 12 horas destinadas à avaliação e 24 horas de planejamento e monitoração dos cursos a serem reaplicados aos professores das diretorias de ensino.

Já a fase destinada aos professores de matemática compreenderá quatro módulos de 60 horas, sendo cada um com 24 horas presenciais, 16 horas de videoconferências e 20 horas de estudos com apoio web incluindo avaliação, totalizando 240 horas. Os docentes poderão fazer o curso em horário de contraturno ou aos sábados. Ao final, os participantes passarão por uma avaliação e os aprovados receberão um certificado de conclusão, que será contabilizado para a evolução funcional do docente. A participação não é obrigatória e as inscrições poderão ser feitas nas próprias diretorias de ensino a partir do dia 24 de março. As aulas vão acontecer nas diretorias de ensino depois de abril, à medida que as turmas forem formadas.

"Embora a participação não seja compulsória, acredito que tenhamos uma grande procura pelo curso porque é uma chance de aperfeiçoamento", disse Paulo Renato Souza.

terça-feira, 2 de março de 2010

A FARÇA SOBRE A INCORPORAÇÃO DA GAM EM PARCELAS ANUAIS

A FARÇA SOBRE A INCORPORAÇÃO DA GAM EM PARCELAS ANUAIS
Pela proposta do governo, salário fica congelado pelos próximos três anos.
Professores da ativa já recebem o montante da Gratificação. Impacto da incorporação no salário-base será ínfimo
O Projeto de Lei nº 08 de autoria do governador José Serra com a proposta de incorporar a Gratificação por Atividade de Magistério em três parcelas (2010, 2011 e 2012) é um a e desrespeito a toda a categoria.
Para se ter uma ideia, pela proposta do governo, até 2012, o salário-base do professor PEB II em jornada de 24 horas semanais, por exemplo, terá um acréscimo salarial de apenas R$ 6,47. Veja tabela abaixo.

Professor de Educação Básica II - 24 horas (salário base + GG + GAM)
Hoje
R$ 909,32 (salário-base)
+R$ 48,00 (GG)
_____________
R$ 957,32

+ (GAM) 15%
R$ 1.100,92

Em 01/03/2010
R$ 950,70 (salário base)
+R$ 55,20 (GG)
__________________
R$ 1.005,90

+ (GAM) 10%
R$ 1.106,49

Em 01/03/2011
R$ 999,03 (salário base)
+R$ 55,20 (GG)
_____________________
R$ 1.054,23

+ (GAM) 5%
R$ 1.106,94

Em 01/03/2012
R$ 1.052,19 (salário base)
+ R$ 55,20 (GG)
R$ 1.107,39 (GAM EXTINTA)

Além disso, vários professores aposentados já ganharam na Justiça, ação movida pelo Sindicato da categoria, o direito à incorporação total da GAM em seu salário; ou seja, o montante total de 15%. Portanto, o governo tenta enganar a categoria com uma proposta vergonhosa!
Enquanto isso, o governo gasta milhões em propagandas no rádio e na TV para apresentar mentiras à população.
Queremos reajuste salarial, já! A incorporação das gratificações faz parte de nossa pauta de reivindicações, mas é essencial para toda a categoria que o governo assegure 34,3 % para repor as perdas acumuladas de 1998. Em vez de reajustar os nossos salários, o governo insiste na política de bônus que, na sua oitava edição, não foi capaz de melhorar a educação. Neste ano, vai gastar R$ 700 milhões, o que seria suficiente para um reajuste linear de 6%.
Atenção, professores "categoria F", você pode participar das atribuições
Algumas Diretorias de Ensino e direções de escolas estão tentando impedir que os professores "categoria F" que estão cumprindo as 12 horas de permanência na unidade participem das novas atribuições de classes e aulas que estão ocorrendo. Isto é ilegal!
A Resolução SE 98/2009, combinada com a Resolução SE 8/2010, assegura este direito.
O professor que se sentir prejudicado deve protocolar recurso junto à direção da escola. Caso persista o problema, deve procurar o departamento jurídico do seu sindicato com cópia do recurso.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Globalização e as Consequências para os Povos Excluidos

A globalização vista nos dias de hoje, serve aos interesses do capitalismo, já numa nova ótica, para explicar uma concepção de mundo, como um futuro para a humanidade, devem passar pelo processo de descolonização dos povos.
Esta globalização imposta pelo imperialismo, destrói a cultura, religião e principalmente os povos do mundo periférico do capital, controlados pelos principais países ricos, de acordo com a parte que lhes cabem, dentro deste modelo, processo este que pode ser visto de varias formas, mas podendo ser frisado de duas maneiras: a globalização como processo de colonização e a fragmentação dos territórios. Processo este, que, passa por uma forte revolução tecnológica, transformando novas conquistas para o capitalismo, através da política ideológica de consumo, caracterizando enorme fundamentalismo por parte dos poderosos.
O mundo globalizado visto por outro lado, chamado de “o lado de cá”, expressão esta usada pelo saudoso Milton Santos, falecido em 2004, deixando vasta obra para explicar a globalização, numa lógica do mundo dos pobres.
Segundo Milton Santos, para entender o mundo globalizado, são necessários estudos sobre os movimentos, alguns pensadores buscam a fundamentação teórica em várias linhas de pensamentos políticos, econômicos e sociológicos. A maioria dos chamados progressistas ou não, vão buscar explicações nas teorias de Karl Marx, mas cada um buscando a sua lógica para a sua defesa dentro deste processo.
Milton Santos se considerava marxisante, ao contrário dos marxistas ortodoxos, que correm o risco de se tornar um religioso em suas interpretações, não ocorrendo a renovação do pensamento para analisar e propor debates para uma nova ordem de modelo econômico, no qual está estabelecida em escala planetária.
Com o processo de globalização, praticamente não sobrou nenhum país que não tenha se tornado capitalista, principalmente a China que interpreta e aplica suas políticas econômicas numa lógica capitalista, que para muitos analistas econômicos denominam um capitalismo com forte intervenção por parte do Estado.
Podemos identificar o poder de um país dentro da globalização até mesmo pela quantidade de consumo de energia elétrica em suas principais cidades.
Na lógica de um mundo globalizado, podemos constatar que um grupo de quinhentas famílias podem concentrar a riqueza de mais de quatrocentas mil famílias pelo mundo afora, principalmente nos principais seis países que concentram a principal riqueza produzida pela humanidade.
Com o aprofundamento desta política de perversidade chamada de neoliberalismo, e hoje em dia de globalização, a dependência ficou maior do que antigamente, sendo vista por Milton Santos, numa lógica socialista, através de debates para a construção de um outro mundo, por uma outra globalização, e não essa fábula defendida pelos capitalistas, sendo assim, a modernização dos modos de produção, consumo destes produtos, fruto do trabalho da classe trabalhadora, e ao mesmo tempo, pregando que os povos serão beneficiados, ao serem inseridos no mercado consumidor, saindo da chamada linha abaixo da pobreza, conforme justifica os defensores da globalização imposta no mundo.
O Consenso de Washington, são linhas gerais traçadas por países ricos, a serem seguidas por países da periferia subordinados ao Império econômico, consenso este, visto pelos progressistas como uma política perversa, sendo considerado como um processo de burla ideológica, a ser implementada pelos gerentes de plantões das colônias do capital, usando o aparato do Estado, para que seus povos aceitem a política do colonizador, sem que provoque grandes convulsões de ordem econômica e sociais.
O remédio para resolver as chamadas crises financeiras do mundo, é cortar os financiamentos dos setores públicos, como por exemplo na saúde, educação, transporte e habitação, afetando profundamente os direitos dos trabalhadores. Crise esta, que para muitos economistas não passa de uma reorganização do capital, concentrando ainda mais as riquezas da periferia para o centro, um dos exemplos desta lógica, foi o que ocorreu nos bancos, pelo mundo afora, provocada pelo crédito imobiliário, principalmente nos EUA. Sendo necessário a intervenção do Estado com dinheiro público para salvar as instituições financeiras, que está nas mãos dos poderosos.
Outro exemplo que podemos citar é a montadora Norte Americana GM, com filial aqui no Brasil, situada principalmente, no Estado de São Paulo, alegando que fecharia as portas indo à falência, por sérios problemas de ordem econômica, levando ao fechamento de postos de trabalho. Com este argumento a empresa pressiona o governo brasileiro para receber injeção de recursos com o objetivo de preservar os empregos no país. Assim, o Governo Federal e o governo de São Paulo, tratou de viabilizar esses recursos públicos à “pobre montadora”, totalizando um montante de oito bilhões de dólares divididos igualmente entre os dois governos, após esta operação, para não deixar os trabalhadores brasileiros desempregados, tratou de enviar para sua matriz nos Estados Unidos da América, uma remessa de lucros, para a empresa em dificuldade, na ordem de um montante de doze bilhões de dólares, provando com isso que, os grandes centros do capital sempre usarão as periferias para manterem seus poderes econômicos na ordem globalizada dos prejuízos, centralizando os lucros em forma de concentração do capital.
Podemos citar a intervenção dos poderosos, em forma de globalização na América Latina, a questão da dolarização no Equador, frutos estes que podem ser considerados envenenados, culminando com grandes explosões sociais, por parte do povo equatoriano. As manifestações se desencadearam por vários fatores, uma delas foi a privatização da água pelas transacionais, que levou à morte de um rapaz, forçando o poder público a desprivatizar este bem da humanidade.
Na Bolívia, houve protestos em favor na nacionalização do gás, petróleo e a água, movimento, este, que provocou a morte em torno de setenta pessoas em confronto com forças contraria à nacionalização, a serviço do capital estrangeiro.
Na Argentina a política neoliberal, aplicada pelos militares, levou a destruição daquele país. Processo este que darão prosseguimento com as políticas dos próximos presidentes chamados de civis, principalmente Carlos Menen, que implementou uma política agressiva para dar continuidade às privatizações das estatais em cursos, política esta que levou o fechamento de várias fabricas no país, levando a sua economia em pedaços, transformando sua classe média em pobres, e os trabalhadores em catadores de papeis e outros materiais nos lixões, como forma de amenizar a fome, provocada pela perversa política econômica e aplicada por esses gerentes de plantões nas periferias do capitalismo, a mando do grupo dos oito países ricos, caracterizado como G8, com forte gerenciamento dos organismos internacionais, principalmente o FMI. Mas essa política não passou sem protesto por parte dos argentinos, prova disto foi a queda em uma semana de três presidentes.
No Brasil como a maioria dos países da América Latina, também passou por esse processo privatizante em nome da modernidade, chamado de mundo globalizado, privatização esta que teve aprofundamento nos anos de 1994 a 2002, na era do presidente Fernando Henrique Cardoso, que através dos governadores dos Estados, realizaram a venda das principais estatais do país. Já no governo Lula, esta privatização deu se de outra maneira, que podemos chamar das parcerias públicas privadas, com a sigla PPP. E também o Lula contou e conta com o apoio das principais centrais sindicais, por vias das suas lideranças, para a realização de algumas reformas liberais dentro do processo de globalização, desta forma não está tendo o desgaste que poderia provocar as manifestações, por parte dos trabalhadores,
Numa participação no Brasil do Joseph Stizhiet, chefe do banco mundial e Prêmio Nobel de economia, disse que a questão da globalização não se dá em bases de análise econômica, e sim sobre uma postura ideológica. Exemplo é a questão da China que adere ao capitalismo de mercado, mas não segue os receituários do consenso de Washington, desta forma conseguindo crescer mais que a maioria dos paises que seguem esta política de intervenção.
A globalização dos territórios leva a uma nova divisão internacional do trabalho, exemplo este que pode ser exemplificado pela construção de uma aeronave por parte da Boing, que são necessárias em torno de mais ou menos três milhões de peças, que são construídas por 322 empresas em 38 países, são divididas de acordo com a participação tecnológica e econômica no mundo globalizado. Para o Brasil, cabe a construção de uma pequena peça do leme da aeronave. Desta forma, as grandes empresas desorganizam os territórios, processo esse que pode ser observado no filme Corporeich, sendo a de exploração, principalmente das crianças, tornando a globalização como uma fábrica de perversidade, perversidade essa que leva milhões de pessoas à fome, através do achatamento cada vez maior dos salários, tendo que trabalhar mais, com menos direitos. Para isso, o capitalismo usa o Estado como aparato ideológico.
A globalização divide a humanidade em dois grupos, os que não comem, e os que têm medo dos que não comem. A questão de não comer não passa pela falta de alimentos e sim pela distribuição, e como está organizada a sociedade. Ela que decide que alguns milhões de pessoas não devem comer, sem falar na questão da á água, em torno de 1,5 bilhões de pessoas no planeta não têm acesso de forma mínima para a sobrevivência, além disto a maioria dos povos consume água praticamente sem tratamento.
No 3º Fórum realizado pelas transnacionais da água, foi tratada a questão da privatização em escala mundial, o debate foi feito puramente em cima de um bem econômico, bem, este deveria ser pago pela humanidade para seu uso, seguindo numa lógica das empresas transacionais da água.
A globalização há muitos vem separando os povos através de muralhas econômicas, e até mesmo territoriais para que não circule livremente nos variado continentes, a China no passado construiu essa tal muralha, para que determinados povos não tivesse acesso aos vales verdes. Esta é a fábula da globalização, porque o que é globalizada é a circulação livremente da mercadoria, sendo proibido a circulação das pessoas, o filme “Território Restrito” demonstra muito bem sobre a não globalização das pessoas e sim de mercadorias, onde um agente do governo (Ray Liotta), responsável pela análise dos pedidos de imigração de milhares de pessoas das mais diversas partes do mundo. Sua esposa (Ashley Judd) é uma dedicada assistente social local. O agente federal imigratório (Harrison Ford) em uma de suas batidas policiais acaba por deportar uma emigrante brasileira (Alice Braga) uma jovem mãe solteira trabalhando ilegalmente nos EUA”.
A barbarie provocada pela globalização leva a morte de milhões de crianças e idosos pelo planeta afora, a fábula desta política de modernidade, não passa de uma máquina de moer carne humana, onde trata o dinheiro como a única razão deste processo perverso, sendo que serve somente para dar significado na ocupação do espaço demográfico globalizado
Sem a mídia isto não seria possível, esse mercado midiático que está nas mãos de seis empresas que controla noventa por cento da mídia mundial, serve ao processo como intermediação das empresas que controla o capital e o povo, através dos organismos internacionais da informação, que podemos chamar de tecnologia da comunicação.
Uma das reuniões ocorrido em Davos, foi criado um fundo para anestesiar a pobreza. A mídia deu um enfoque de que o capitalismo está preocupado com a pobreza, se isto fosse verdade, aqueles representantes não seria os agentes do capitalismo, porque na lógica da globalização (capitalismo) é a concentração cada vez mais da riqueza, tirando dos pobres pára os ricos, então a mídia tem esse papel ideológico de passar que os ricos são bondosos. Assim, a mídia dará enfoque de uma ordem a ser seguida, não tendo o compromisso com a humanidade enquanto cidadão, e sim aos interesses na qual ela representa. Ela será responsável pela seleção daquilo que deve ser noticiado e interpretado de acordo com os interesses pré-determinado. Exemplo foi o que aconteceu com a ocupação do Iraque pelos EUA e seus aliados, a mídia alegava que o presidente do Iraque (Sadan) portava em seu país armas biológicas, com o passar do tempo foi comprovado que não era verdade, mas para justificar a invasão, usou os órgãos de imprensa pelo mundo afora com objetivos de esconder o verdadeiro seus interesse, que era controlar e comercializar o petróleo daquela região. Cabendo aos jornalistas, informar nos veículo de informações aquilo que seria de interesses da grandes empresas petroleiras como as bélicas, envolvidas na ocupação.
Para um processo político que possa fazer contra ponto a esta globalização, é necessário que surgem movimentos de baixo para cima, porque de cima para baixo é impossível, criando assim uma nova plataforma técnica para a liberdade, através da tecnologia da comunicação, as novas tecnologias da comunicação podendo ser um grande instrumento no processo possa ir contra exploração dos povos, criando assim a possibilidade de um outro futuro, e uma nova lógica, que é a libertação dos povos sem que precise pedir permissão.
A revanche da periferia poderia ser dada através da valorização e apropriação da cultura popular de massa por parte dos povos excluídos da cultura, estabelecendo uma nova ordem a ser seguida, criando um período popular histórico para a cultura da periferia do capital.
Período tecnológico do homem pode está chegando ao fim, surgindo o período demográfico, onde os autores de baixo vão mudar a história, assim ocorrendo uma explosão neste sentido.
A China pode ser interpretada numa lógica capitalista controlada pelo Estado, que está usando o momento e seus recursos para um novo País, precisamos saber se esses recursos terão vida longa, mas não podemos negar que ela investe pesado na formação de novos profissionais para o “mercado”.
Na África e América Latina os gigantes estão despertando, onde o Colonialismo e imperialismo não pagaram as contas quando retiram suas bandeira destes continentes, que deixou destruição criminas. “O Eduardo Galleano vem fazendo questionamento em seus trabalhos, até quando vamos imitar o Norte na questão da sociedade do consumo ou vamos ser uma sociedade diferente”
A América Latina, principalmente o Brasil pensa como Europa e EUA e não pensamos como um País localizado num continente que deveria ser de um olhar para o Sul, sem ser o olhar intervencionista do mundo do Norte e da Europa. Assim criando uma nova ética, sem ser a dos poderosos, e sim a dos que não nada têm, que chamamos de desesperados, sem que precise ir para a ética da violência. Essa nova ética deve passar pelos direitos sociais, como à moradia, alimentação, habitação, educação, cultura e lazer, inclusive a água e qualquer outros direitos fundamentais para a construção da dignidade humana em forma de cidadania como direito, porque isto nunca ocorreu, devido à classe média não querer direito, e sim privilégios.
O terceiro setor chamado de ONGs, em sua maioria, acaba sendo o instrumento da reprodução perversa imposta pelo capital, devido o seu financiamento por parte do Estado ideológico, a serviço do capitalismo globalizado, Estado este que não é socializante. O filme Nacional Quanto Vale ou por Quilo, retrata muito bem esta questão da maioria das ONGs, que está a serviço do Estado globalizado.
Podemos concluir que a globalização é aprofundamento da colonização do império sobre os povos da periferia, mas que essa lógica pode ser mudada a partir de uma nova ordem mundial, que deve passar por movimento que deverá surgir de baixo para cima, para estabelecer uma outra ordem, que possa leva a construção de uma ética, vista na lógica dos excluídos, e com isso uma globalização, que possa ter circulação de mercadorias e pessoas livremente dentro de todos os continentes.

Referencias

O filme do Silvio Tendler: Encontro com Milton Santos, O Mundo Global Visto do Lado de Cá;
O filme do Costa Grava: O quarto Poder, o papel da mídia.
Filme: Território Restrito
Filme: Quanto Vale, ou Por Quilo
Pesquisas: internet e outros veículos impresso
Entrevista com: professor Altair da rede Publica de Educação de São Paulo

Texto Elaborado por Estudantes do Curso de Administração de Recurso Humano da Uninove na cadeira de sociologia com a participação do Professor Altair Lourenço
Autores do Texto
Leila Martineli
Elisa Indaiana dos Santos
Renata Valéria dos Santos
Sidnei Roberto Nosti