quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Aluga-se floresta
Cerca de 100 mil hectares da Amazônia passam às mãos da iniciativa privada pelos próximos 40 anos
TATIANA DE MELLO

O terreno é enorme, equivale a 96 mil hectares. O contrato de seu aluguel tem um valor astronômico: R$ 3,8 milhões por ano ao longo de quatro décadas. O imóvel em questão está encravado na Floresta Amazônica, com vista panorâmica para o rio Jamari, e promete muito lucro àqueles que conquistaram o direito de explorá-lo comercialmente na licitação do Ministério do Meio Ambiente: as empresas Alex Madeiras, Sakura e Amata (dividirão o aluguel). O projeto de alugar para a iniciativa privada trechos da mata nasceu quando Fernando Henrique Cardoso era presidente da República, virou lei no governo Lula e finalmente começou a ser colocado em prática na semana passada. As empresas que ganharam a licitação poderão extrair madeira, desde que tenham um plano racional de manejo que garanta a preservação, sendo que, a cada 500 árvores, uma poderá ser extraída. No contrato também estão previstas a extração de óleos e sementes, a promoção de atividades de ecoturismo e esportes, além da criação de empregos.

As empresas não poderão explorar o patrimônio genético nem praticar mineração e caça. Assim, reunindo todos esses fatores, venceram o leilão do Ministério as três companhias que apresentaram o maior lance de aluguel e o melhor plano de redução do impacto ambiental. Mesmo com algumas contrapartidas, elas ainda terão um lucro quase seis vezes maior do que o valor que pagarão. Os R$ 3,8 milhões anuais serão repartidos entre municípios, Estados e União e aplicados, segundo o governo, na fiscalização e no monitoramento da Amazônia. “Esta concessão vai mostrar que é possível sobreviver com dignidade sem destruir a floresta”, diz o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, a concessão florestal não implica transferência da posse da terra pública, mas sim a delegação onerosa do direito de praticar o manejo florestal sustentável na área.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Serasa aponta risco de superendividamento; 39% da renda no Brasil vão para dívidas

por CAROLINA MATOS
Dados do Banco Central mostram que, nos últimos cinco anos, o número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil, considerando todos os tipos de empréstimo, saltou de 10 milhões para 25,7 milhões.

Mas esse total pode ser muito maior, já que não considera os cidadãos que não têm conta em banco -- cerca de metade da população.

Na avaliação da Serasa Experian, diante da falta de informações sobre o perfil das dívidas das famílias, e da capacidade de pagamento, o Brasil corre sério risco de enfrentar um cenário de superendividamento.

A preocupação é a seguinte: embora muitos dos consumidores que devem mais de R$ 5 mil possam ter esse valor dentro do seu limite de crédito, outros tantos já estão mais endividados do que poderiam e, portanto, com alta probabilidade de inadimplência.

DÍVIDA X RENDA

Hoje, o volume de dívidas dos brasileiros corresponde a 39,1% da renda, de acordo com o Banco Central.

E uma parcela de 23,8% fica comprometida mensalmente com o pagamento dos débitos existentes.

Sem detalhes sobre a qualidade das dívidas, esses percentuais já preocupam, na avaliação da Serasa.

Nos EUA, com juros muito baixos, 17% da renda fica comprometida com pagamento de débitos. E o volume de dívidas dos americanos chega a 128% da renda.

Lembrando que, tanto no Brasil quanto nos EUA, os números referentes a financiamento imobiliário entram nessa conta.

Mas, no mercado doméstico, esse tipo de crédito é só 3,5% do PIB. Já no americano, é mais de 100%.

"CRISES INEVITÁVEIS"

Pedro Paulo Silveira, diretor da Gradual Investimentos, diz que as crises de crédito são "inevitáveis" no mundo todo, fazendo parte do "ciclo econômico capitalista".

"Quando a economia vai bem, ter uma dívida de R$ 1.000 pode não significar nada para um cidadão. Mas se a economia passa a ir mal e a pessoa perde o emprego, esse endividamento se torna um problema para ela", diz.

Mas Silveira acredita que o Brasil deva continuar crescendo a taxas elevadas nos próximos quatro anos, com aumento da classe média e possibilidade de expansão dos empréstimos.

O crédito pessoal para consumo disparou no país desde 2002. Passou de 5,1% do PIB (Produto Interno Bruto) naquele ano para 15,2% do PIB em agosto de 2010, ainda segundo dados do BC.
Com o aumento, esse segmento de empréstimos, que exclui o crédito imobiliário, já atinge nível próximo ao dos EUA, de 16,6% do PIB em agosto de 2010.

Alexandre Andrade, economista da Tendências Consultoria, também acredita que a expansão da renda dos brasileiros comporta o endividamento.

"Além do mais, os segmentos de crédito que mais têm crescido são os que oferecem as melhores garantias aos bancos em caso de inadimplência: financiamento de automóveis, imóveis e crédito consignado", diz.

"E é importante destacar que, no passado, carro e casa própria eram bens que apenas uma parcela reduzida da população tinha acesso", completa Andrade.

Fonte: Folha Online - 24/10/201

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Chineses querem mais terras no Brasil







Os chineses até tentam esconder, mas não conseguem: planejam comprar mais terras no Brasil para produzir soja e milho, como confirmou ontem Zheng Qingzhi, presidente da China National Agricultural Development Group Corporation (CNADC), uma empresa estatal que já tem investimentos agrícolas em 40 países.
Após conversar com Qingzhi, ontem em Genebra, Alessandro Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), disse que os aportes chineses poderão alcançar centenas de milhões de dólares, como atestam notícias e relatos de projetos planejados ou em curso principalmente em regiões do Cerrado. Qingzhi ressalvou que “é cedo para confirmar uma decisão” no caso da estatal que dirige, mas Teixeira comentou que os chineses estão buscando terras no Centro-Oeste brasileiro, e que eles são bem-vindos.
“Estamos conversando”, disse Teixeira. Ainda há alguma prudência porque a agricultura é um setor difícil para os estrangeiros entrarem no Brasil, até pelo alto nível de competitividade do país no setor. Teixeira conta que um grande empresário egípcio, produtor de arroz, chegou ao Brasil querendo investir na agricultura. Foi ao Rio Grande do Sul e a resposta que recebeu foi de que havia arroz para vender, mas não terras.
Percentagem de áreas agrícolas adquiridas por não brasileiros
O recente – e crescente – interesse de grandes grupos estrangeiros em realizar aportes diretos na agricultura em geral, e na produção de alimentos em particular, tem sido evidenciada pela compra de amplas porções de terras em países em desenvolvimento por conglomerados da Coreia do Sul e da Arábia Saudita, por exemplo.
Mas a China também está causando celeuma. A própria estatal CNADC já apresentou investimentos em arroz em Guiné, sisal na Tanzânia e ovos na Zâmbia, entre outros projetos acompanhados de instalação de hospitais, escolas e doações aos governos locais. Para analistas, é o novo colonialismo.
O executivo chinês se defende. Para ele, tratam-se de projetos em que os dois lados ganham. Pequim produz no exterior tanto para vender a seu próprio mercado quanto para exportar para destinos como EUA, Europa e Japão. Mas há países na África, como Camarões, que dizem que só dando a terra de graça é que conseguem atrair investidores estrangeiros. Outros africanos retrucam que dessa maneira não é possível desenvolver a agricultura nos países em desenvolvimento.
“Devemos dar mais importância aos investimentos na agricultura”, disse Qingzhi. A China está propondo a criação de um fundo para investimentos internacionais na agricultura, mas ele não deu detalhes.
O Japão, maior importador de alimentos no mundo em termos líquidos, mostrou, também em Genebra, um projeto da Gialinks, uma companhia privada com 478 investidores que já comprou 1.250 hectares de terras na Argentina para produzir soja e que agora avança no Paraguai e Peru, sempre com agricultores de origem japonesa e a produção destinada ao Japão.
O representante do governo japonês, Masahiko Suneya, deu como outro exemplo de sucesso a cooperação do Japão no desenvolvimento do Cerrado brasileiro, em um modelo também aplicado na produção de arroz na África.
A FAO, braço da ONU para Agricultura e Alimentação, estima que a produção alimentar precisa crescer 70% em relação ao nível atual para atender à população estimada em quase 10 biliões de pessoas até 2050. No total, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) na agricultura representa apenas 1% do total global, ficando próximo de US$ 3 biliões por ano.
Mas, diante do crescente interesse estrangeiro em terras em outras fronteiras, a comunidade internacional discute a criação de um conjunto de regras para “investimento responsável na agricultura”. Os critérios incluem estabilidade política, segurança alimentar local e proteção ambiental.

200966114352Valor Económico | 27-04-2010

Os chineses até tentam esconder, mas não conseguem: planejam comprar mais terras no Brasil para produzir soja e milho, como confirmou ontem Zheng Qingzhi, presidente da China National Agricultural Development Group Corporation (CNADC), uma empresa estatal que já tem investimentos agrícolas em 40 países.

Após conversar com Qingzhi, ontem em Genebra, Alessandro Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), disse que os aportes chineses poderão alcançar centenas de milhões de dólares, como atestam notícias e relatos de projetos planejados ou em curso principalmente em regiões do Cerrado. Qingzhi ressalvou que “é cedo para confirmar uma decisão” no caso da estatal que dirige, mas Teixeira comentou que os chineses estão buscando terras no Centro-Oeste brasileiro, e que eles são bem-vindos.

“Estamos conversando”, disse Teixeira. Ainda há alguma prudência porque a agricultura é um setor difícil para os estrangeiros entrarem no Brasil, até pelo alto nível de competitividade do país no setor. Teixeira conta que um grande empresário egípcio, produtor de arroz, chegou ao Brasil querendo investir na agricultura. Foi ao Rio Grande do Sul e a resposta que recebeu foi de que havia arroz para vender, mas não terras.

Percentagem de áreas agrícolas adquiridas por não brasileiros

O recente – e crescente – interesse de grandes grupos estrangeiros em realizar aportes diretos na agricultura em geral, e na produção de alimentos em particular, tem sido evidenciada pela compra de amplas porções de terras em países em desenvolvimento por conglomerados da Coreia do Sul e da Arábia Saudita, por exemplo.

Mas a China também está causando celeuma. A própria estatal CNADC já apresentou investimentos em arroz em Guiné, sisal na Tanzânia e ovos na Zâmbia, entre outros projetos acompanhados de instalação de hospitais, escolas e doações aos governos locais. Para analistas, é o novo colonialismo.

O executivo chinês se defende. Para ele, tratam-se de projetos em que os dois lados ganham. Pequim produz no exterior tanto para vender a seu próprio mercado quanto para exportar para destinos como EUA, Europa e Japão. Mas há países na África, como Camarões, que dizem que só dando a terra de graça é que conseguem atrair investidores estrangeiros. Outros africanos retrucam que dessa maneira não é possível desenvolver a agricultura nos países em desenvolvimento.

“Devemos dar mais importância aos investimentos na agricultura”, disse Qingzhi. A China está propondo a criação de um fundo para investimentos internacionais na agricultura, mas ele não deu detalhes.

O Japão, maior importador de alimentos no mundo em termos líquidos, mostrou, também em Genebra, um projeto da Gialinks, uma companhia privada com 478 investidores que já comprou 1.250 hectares de terras na Argentina para produzir soja e que agora avança no Paraguai e Peru, sempre com agricultores de origem japonesa e a produção destinada ao Japão.

O representante do governo japonês, Masahiko Suneya, deu como outro exemplo de sucesso a cooperação do Japão no desenvolvimento do Cerrado brasileiro, em um modelo também aplicado na produção de arroz na África.

A FAO, braço da ONU para Agricultura e Alimentação, estima que a produção alimentar precisa crescer 70% em relação ao nível atual para atender à população estimada em quase 10 biliões de pessoas até 2050. No total, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) na agricultura representa apenas 1% do total global, ficando próximo de US$ 3 biliões por ano.

Mas, diante do crescente interesse estrangeiro em terras em outras fronteiras, a comunidade internacional discute a criação de um conjunto de regras para “investimento responsável na agricultura”. Os critérios incluem estabilidade política, segurança alimentar local e proteção ambiental.

Um negócio da China: terras no Oeste da Bahia são vendidas indiscriminadamente

Um negócio da China: terras no Oeste da Bahia são vendidas indiscriminadamente

Publicada em 13/07/10 12:09
Fonte: Agência Petroleira de Notícias com base em material da Agência Valor


A empresa Pallas Internacional, em sociedade com o governo chinês, assinou com o governo da Bahia um protocolo de intenções para se instalar no oeste do estado com o objetivo de produzir grãos para exportação. Os investidores querem comprar entre 200 mil e 250 mil hectares de terras brasileiras. A intenção dos compradores é atuar também no segmento de bioenergia, em parceria com produtores da região. O Brasil já passou para as mãos dos estrangeiros 2 milhões de hectares de terras do oeste baiano. Já estão instalados alí americanos, holandeses, portugueses e japoneses. Tudo pode do "lado de baixo do Equador", como alerta a música do compositor Chico Buarque de Holanda.

Estimativas do mercado dão conta que exista no mundo aproximadamente US$ 20 bilhões disponíveis para compra de terras agrícolas em todas os países, sendo que pelo menos US$ 5 bilhões teriam como destino certo o Brasil.

Em entrevista para um jornal de grande circulação o secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, não escondia a satisfação de entregar parte do território brasileiro aos estrangeiros. "Para os chineses, a área de agroenergia é um setor de grande interesse. Eles precisavam da assinatura desse protocolo para acelerar a parte burocrática dentro da China e dar andamento no processo de investimento", comemora.

Pelo menos 10 empresas estrangeiras de médio e grande porte, já cultivam principalmente algodão, soja e milho. Já conhecidos pela população local, eles são arredios à entrevistas."O governo já fica em cima da gente sem que haja exposição na imprensa", disse um produtor americano, que preferiu não dar mais detalhes sobre seus negócios na região.

Terras do Brasil dão lucro fácil

"Os estrangeiros enxergam uma oportunidade de investimento e o Brasil é uma das melhores opções, pois em países como Colômbia e Paraguai, além da África e do Leste Europeu, a insegurança institucional ainda é muito grande. O interesse desses investidores é enorme no Brasil, especialmente em Mapito e no oeste da Bahia", diz Fernando Jank, diretor geral da Tiba Agro, empresa brasileira que trabalha na captação de recursos estrangeiros para compra de terras no país e que já possui aproximadamente 320 mil hectares nessa região.

O interesse não é por acaso. O cerrado nordestino e do Tocantins está pelo menos mil quilômetros mais próximo do porto que o de Mato Grosso e ainda tem terras mais baratas. Na região de Sinop, norte mato-grossense, o preço médio do hectare é 30% superior à média do "Mapito-BA". Na "nova" fronteira, ainda é possível comprar um hectare por cerca de R$ 5 mil.

Esses investidores estão de olho em 20 milhões de hectares disponíveis para a agricultura, que estão fora do bioma amazônico e não são áreas de pastagem. Desse total, a estimativa é que pelo menos 4 milhões de hectares sejam divididos por 15 grandes grupos, entre investidores estrangeiros e empresas nacionais profissionalizadas, interessados tanto na aquisição de terras para investimento quanto na produção de grãos e fibras.

Fonte: Agência Petroleira de Notícias com base em material da Agência Valor

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Manifesto à NaçãoPlínio de Arruda Sampaio
De São Paulo


Para os socialistas, a conquista de espaços na estrutura institucional do Estado não é a única nem a principal das suas ações revolucionárias. Em todas estas, os objetivos centrais e prioritários são sempre os mesmos: conscientizar e organizar os trabalhadores, a fim de prepará-los para o embate decisivo contra o poder burguês.

Fiel a esta linha, a campanha do PSOL concentrou-se no tema da igualdade social, o que possibilitou demonstrar claramente que, embora existam diferenças entre os candidatos da ordem, são diferenças meramente adjetivas.

Isto ficou muito claro diante da recusa assustada e desmoralizante das três candidaturas a firmar compromissos com propostas de entidades populares - como a CPT, o MST, as centrais sindicais, o ANDES, o movimento dos direitos humanos - nas questões chaves da reforma agrária, redução da jornada de trabalho sem redução salarial, aplicação de 10% do PIB na educação, combate à criminalização da pobreza.

Não há razão para admitir que se comprometam agora, nem para acreditar que tais compromissos sejam sérios, como se vê pelo espetáculo deprimente da manipulação do sentimento religioso nas questões do aborto, do casamento homossexual, dos símbolos religiosos - temas que foram tratados com espírito público e coragem pela candidatura do PSOL. Nem se fale da corrupção, que campeia ao lado dos escritórios das duas candidaturas ora no segundo turno.

Cerca de um milhão de pessoas captaram nossa mensagem. Constituem a base de interlocutores a partir da qual o PSOL pretende prosseguir, junto com os demais partidos da esquerda, a caminhada do movimento socialista no Brasil.

O segundo turno oferece nova oportunidade para dar um passo adiante na conscientização. Trata-se de esmiuçar as diferenças entre as duas candidaturas que restam, a fim de colocar mais luz na tese de que ambas são prejudiciais à causa dos trabalhadores.

O candidato José Serra representa a burguesia mais moderna, mais organicamente ligada ao grande capital internacional, mais truculenta na repressão aos movimentos sociais. No plano macroeconômico, não se afastará do modelo neoliberal nem deterá o processo de reversão neocolonial que corrói a identidade moral do povo brasileiro. A política externa em relação aos governos progressistas de Chávez, Correa e Morales será um desastre completo.

A candidata Dilma Rousseff é uma incógnita. Se prosseguir na mesma linha do seu criador - o que não se tem condição de saber - o tratamento aos movimentos populares será diferente: menos repressão e mais cooptação. Do mesmo modo, Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia continuarão a ter apoio do Brasil.

Sob este aspecto, Dilma leva vantagem sobre a candidatura Serra. Mas não se deve ocultar, porém, o lado negativo dessa política de cooptação dos movimentos populares, pois isto enfraquece a pressão social sobre o sistema capitalista e divide as organizações do povo, como, aliás, está acontecendo com todas elas, sem exceção.

O que é melhor para a luta do povo? Enfrentar um governo claramente hostil e truculento ou um governo igualmente hostil, porém mais habilidoso e mais capaz de corromper politicamente as lideranças populares?

Ao longo dos debates do primeiro turno, a candidatura do PSOL cumpriu o papel de expor essa realidade e cobrar dos representantes do sistema posicionamento claro contra a desigualdade social que marca a história do Brasil e impõe à grande maioria da população um muro que a separa das suas legítimas aspirações. Nenhum deles se dispôs a comprometer-se com a derrubada desse muro. Essa é a razão que me tranqüiliza, no diálogo com os movimentos sociais com os quais me relaciono há 60 anos e com os brasileiros que confiaram a mim o seu voto, de que a única posição correta neste momento é do voto nulo. Não como parte do "efeito manada" decorrente das táticas de demonização que ambas candidaturas adotam a fim de confundir o povo. Mas um claro posicionamento contra o atual sistema e a manifestação de nenhum compromisso com as duas candidaturas.



Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, é advogado e promotor público aposentado. Foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constituinte de 1988, é diretor do "Correio da Cidadania" e preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA

Fale com Plínio Arruda Sampaio: plinio.asampaio@terra.com.br

PSOL se declara independente e pede voto em Dilma ou nuloDayanne Sousa

O PSOL, partido que teve como candidado à presidência no primeiro turno Plínio de Arruda Sampaio, declarou, nesta sexta (15) sua posição para o segundo turno. Em comunicado, o partido pede que os eleitores escolham entre votar nulo ou votar em Dilma Rousseff (PT).

A posição difere da assumida pelo ex-candidato. Plínio anunciou na estreia de sua coluna em Terra Magazine sua opção pelo voto nulo. "A única posição correta neste momento é do voto nulo", escreveu.

Já a nota do PSOL opta por uma campanha contra o candidato do PSDB José Serra. "Mantemos firme a oposição frontal à candidatura Serra, declarando unitariamente nenhum voto em Serra". O partido, porém, ressalta que Dilma não aderiu às "bandeiras defendidas pela candidatura do PSOL e manteve compromissos com os banqueiros e as políticas neoliberais".

Leia o comunicado do PSOL na íntegra.


O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) mereceu a confiança de mais de um milhão de brasileiros que votaram nas eleições de 2010. Nossa aguerrida militância foi decisiva ao defender nossas propostas para o país e sobre ela assentou-se um vitorioso resultado.

Nos sentimos honrados por termos tido Plínio de Arruda Sampaio e Hamilton Assis como candidatos à presidência da República e a vice, que de forma digna foram porta vozes de nosso projeto de transformações sociais para o Brasil. Comemoramos a eleição de três deputados federais (Ivan Valente/SP, Chico Alencar/RJ e Jean Wyllys/RJ), quatro deputados estaduais (Marcelo Freixo/RJ, Janira Rocha/RJ, Carlos Giannazi/SP e Edmilson Rodrigues/PA) e dois senadores (Randolfe Rodrigues/AP e Marinor Brito/PA). Lamentamos a não eleição de Heloísa Helena para o senado em Alagoas e a não reeleição de nossa deputada federal Luciana Genro no Rio Grande do Sul, bem como, do companheiro Raul Marcelo, atual deputado estadual do PSOL.

Em 2010 quis o povo novamente um segundo turno entre PSDB e PT. Nossa posição de independência não apoiando nenhuma das duas candidaturas está fundamentada no fato de que não há por parte destas nenhum compromisso com pontos programáticos defendidos pelo PSOL. Sendo assim, independente de quem seja o próximo governo, seremos oposição de esquerda e programática, defendendo a seguinte agenda: auditoria da dívida pública, mudança da política econômica, prioridade para saúde e educação, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defesa do meio ambiente, defesa dos direitos humanos segundo os pressupostos PNDH3, reforma agrária e urbana ecológica e por ampl a reforma política - fim do financiamento privado e em favor do financiamento público exclusivo, como forma de combater a corrupção na política.

No entanto, O PSOL se preocupa com a crescente pauta conservadora introduzida pela aliança PSDB-DEM, querendo reduzir o debate a temas religiosos e falsos moralismos, bloqueando assim os grandes temas de interesse do país. Por outro lado, esta pauta leva a candidatura de Dilma a assumir posição ainda mais conservadora, abrindo mão de pontos progressivos de seu programa de governo e reagindo dentro do campo de idéias conservadoras e não contra ele. Para o PSOL a única forma de combatermos o retrocesso é nos mantermos firmes na defesa de bandeiras que elevem a consciência de nosso povo e o nível do debate político na sociedade brasileira.

As eleições de 2002 ao conferir vitória à Lula trazia nas urnas um recado do povo em favor de mudanças profundas. Hoje é sabido que Lula não o honrou, não cumpriu suas promessas de campanha e governou para os banqueiros, em aliança com oligarquias reacionárias como Sarney, Collor e Renan Calheiros. Mas aquele sentimento popular por mudanças de 2002 era também o de rejeição às políticas neoliberais com suas conseqüentes privatizações, criminalização dos movimentos sociais - que continuou no governo Lula -, revogação de direitos trabalhistas e sociais.

Por isso, o PSOL reafirma seu compromisso com as reivindicações dos movimentos sociais e as necessidades do povo brasileiro. Somos um partido independente e faremos oposição programática a quem quer que vença. Neste segundo turno, mantemos firme a oposição frontal à candidatura Serra, declarando unitariamente "NENHUM VOTO EM SERRA", por considerarmos que ele representa o retrocesso a uma ofensiva neoliberal, de direita e conservadora no País. Ao mesmo tempo, não aderimos à campanha Dilma, que se recusou sistematicamente ao longo do primeiro turno a assumir os compromissos com as bandeiras defendidas pela candidatura do PSOL e manteve compromissos com os banqueiros e as políticas neoliberais. Diante do voto e na atual conjuntura, duas posições são reconhecidas pela Executiva Nacional de nosso partido como opções legítimas existentes em nossa militância: voto nulo/branco ou voto em Dilma. O mais importante, portanto, é nos prepararmos para as lutas que virão no próximo período para defender os direitos dos trabalhadores e do povo oprimido do nosso País.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vitória do Ideal

Vitória do Ideal
Reproduzimos aqui a mensagem enviada por Chico Alencar (PSOL-RJ) em agradecimento a sua extraordinária votação no Rio de Janeiro. Vale a pena ler e saudar esta estrondosa vitória que com certeza fortalece ainda mais nosso partido como alternativa de esquerda em todo o país.

“Dizia-se que éramos pequenos, frágeis, por demais idealistas. E que éramos muito românticos, sem os pés no chão. Dizia-se que era preciso aderir aos “esquemas”, e infestar as ruas de placas, para garantir vitória possível. Dizia-se que a utopia estava morta, e que era imperioso se adequar ao sistema para fazer qualquer coisa. Mas, no Rio de Janeiro, no dia 3 de outubro, 240.724 pessoas disseram que não era bem assim. Foi a campanha mais bonita que a cidade bela presenciou, nos últimos anos. Agora, só nos cabe agradecer a você. Sua participação, por menor que tenha sido, foi decisiva.

Não foi um resultado qualquer. Foi a vitória dos que não empastelam a cidade, visando os votos fáceis, despolitizados. Foi a vitória dos que se empenharam, nas ruas, sem ganhar um único centavo, dia após dia, pelo que acreditavam. A vitória da campanha alegre, pedagógica, e da conversa ao pé do ouvido com o eleitor. A vitória do voto rebelde, dos que clamam por mudança, ética e justiça social. A vitória daqueles que não se submetem à pequena política, e que utilizam, como matéria prima de seu programa, seus sonhos mais nobres.

Tivemos, é bom lembrar, um homem generoso à nossa frente. Jovem há 80 anos, Plínio Sampaio fez uma campanha brilhante, priorizando levar ao povo as grandes questões nacionais sob um prisma nunca antes visto em campanhas à presidência. Plínio ajudou a construir a imagem do PSOL como um partido diferente e necessário, que respeita fronteiras éticas e ideológicas, ao contrário de tantos que só têm o socialismo no nome.

Jefferson Moura, nosso “governador”, cumpriu o papel com a mesma integridade. Levou o discurso incômodo dos justos a todo o Estado. Com seu jeito cordial, representou a divergência, o clamor por mudança.

Milton “outros 500″ Temer – mais de 500 mil votos! – foi tão grande que fez muita gente suar para escolher o segundo senador. Sobre Marcelo Freixo, basta dizer que multiplicou seus votos de 2006 por 14! Em seu segundo mandato na Alerj, já é um quadro reconhecido nacionalmente. Os vermes que querem matá-lo enfrentam agora uma blindagem de 177.253 votos!

Entretanto, os grandes personagens dessa comovente história, os mais imprescindíveis, foram os militantes do PSOL. Com a camisa “não recebo um real, estou na rua por ideal”, enfeitaram as ruas com alegria. Através deles, uma campanha sem recursos ganhou milhares de corações. O maravilhoso desempenho do PSOL no Rio deveu-se, também, a uma militância generosa, na sua maioria jovem, que não perde a mania de apostar em outro mundo possível.

Para o novo mandato que se inicia, apenas uma promessa – lutar para, com você, fazer com que ele seja ainda melhor do que o anterior. O Rio de Janeiro viverá grandes desafios nos próximos anos – Copa, Olimpíada, remoções e “pacificações”. O mandato, desde já, está a serviço da defesa do interesse público, da transparência, e dos movimentos organizados da sociedade. Vale lembrar que daremos continuidade aos nossos compromissos de sempre – educação pública, gratuita e de qualidade, ecossocialismo, segurança pública, direitos humanos e civis, reformas agrária, urbana e política.

As pessoas começam a perceber que o PSOL é um partido diferente, que não participa de acordos espúrios e incoerentes, e visa outro projeto de país. Agora, o PSOL já não é só um partido necessário. O PSOL é um partido obrigatório: sem ele a democracia perde um lado. Não há força no mundo capaz de escantear os que constroem seus projetos a partir de seus sonhos. Por mais poderosas, as máquinas não são capazes de calar o grito que nasce do peito dos justos. Nunca foram, jamais serão.

A você, nosso sincero agradecimento. Comemoremos hoje, para que, a partir de amanhã, comecemos a trabalhar intensamente por outro país. Sei que estaremos juntos, nos próximos quatro anos, como estivemos nesses três meses.
Vamos juntos!”

quarta-feira, 6 de outubro de 2010


OLÁ CAMARADAS

Parabens a todos os que concorreram e apoiaram as candidaturas do PSOL que lutam por um mundo melhor, nessas eleições de 2010 que participaram, e acham que foram derrotados... os lutadores sociais, que
assim como você, eu e muitos outros, vive o dia a dia dos guetos sociais, em
defesa daqueles que nem sequer sabem que tem direitos. É
em nome deles que concorremos e gritamos nas praças, fazendo de cada
bairro uma nova trincheira. Parabens a todos nós candidatos e apoiadores do Projeto do PSOL, sabemos que só com pessoas como você, eu e tantos outros que vão para o sacrificio, poderemos mudar a triste realidade de nossas Cidades, de nosso Estado, de nosso Brasil.
Continuem na luta companheiros(as), pois a vitória é um ponto de vista e derrotado é aquele que cai e não se levanta, então se acreditam que cair am, l evante-se e vamos para a luta!!!.

"HÁ HOMENS QUE LUTAM UM DIA
E SÃO BONS
HÁ OUTROS QUE LUTAM UM ANO
E SÃO MELHORES
HÁ OS QUE LUTAM MUITOS ANOS
E SÃO MUITO BONS
PORÉM; HÁ OS QUE LUTAM TODA A VIDA,
ESSES SÃO OS IMPRESCINDIVEIS"
BRECHT